Acendeu o pavio, puxou a
cordinha e pronto, lá se foi o sinalizador. Mal sabia ele que, aquele
sinalizador, deixaria um sinal eterno em sua vida. Sua não, suas vidas. O jovem
morreu no campo de futebol, ou melhor, na arquibancada, mas morrem também nas
escolas, boates, cinemas, festas, trotes desumanos e ruas desse Brasil. Brasil
não, é muita coisa para colocar nas costas desse País, morre-se assim no Mundo
todo. Sabe o que mais choca na tal da morte do menino da Bolívia? É essa nossa
mania de procurar culpados. Culpe ele, culpe o clube, culpe a torcida, culpe a
polícia, culpe a confederação, culpe quem não culpa, pois só o homem consegue
dizer que é errado quem não culpa.
Da morte de Kevin Beltran,
por mais que a turma do culpe queira, precisamos tirar algo maior do que a
vítima e o culpado. Não, não podemos absolver quem matou, seja com intenção ou
sem, mas é preciso olhar para outra coisa por trás dessa morte: Ficou banal morrer!
Morre-se muito nos dias de hoje. No Brasil, morre-se na boate; na Bolívia,
morre-se na arquibancada; nos Estados Unidos, morre-se na escola; na Espanha,
morre-se no trem; nunca morreu-se tanto no mundo.