segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Só pode ser falta de fé



Vai acabar, mas, para nós, brasileiros, nem parece que começou. Os Jogos Olímpicos de Londres, 2012, entram para a história. Primeira vez que uma atleta é mais rápida do que um homem nas piscinas, também foi o ano da vencedora mais jovem de todos os tempos, ganhou o ouro na natação. Também marcaram o nome no livro sagrado dos jogos o americano Michael Phelps e o jamaicano Usain Bolt. E nós, pobres mortais brasileiros, ficamos assistindo.

Quando embarcamos para Londres, na mala levávamos a esperança de ouro em algumas modalidades. Cielo era o melhor, sua vitória era apontada em todos os textos ou comentários sobre a disputa, mas na hora do vamos ver, “pipocou”. Assim com os meninos e meninas da ginástica, nossos homens e mulheres do atletismo e, pasmem, até os rapazes da vela, eles que sempre vencem, dessa vez apenas passearam em terras londrinas. A pergunta que não quer calar é: De quem é a culpa para tamanho fracasso?

Podemos enumerar pseudo problemas. Falta de investimento? Mentira, em relação a países como Cazaquistão, África do Sul, Bielorrússia, Etiópia e Quênia, o Brasil é um poço de dinheiro investido em esporte, e mesmo assim tem menos medalhas do que eles. Ou seja, vamos para outra alternativa. Falta talento? Nessa já cabe reflexão. Ta certo que não temos o poderio de Estados Unidos e China, mas temos casos isolados de atletas talentosos, e até eles fracassaram, não em 2012, mas sempre. A outra alternativa é a falta de cultura esportiva de topo, pode ser, essa é mais plausível. Nossos atletas se contentam com pouco, viram estrelas de um dia para o outro (Cesar Cielo é um exemplo, desde a última Olimpíada ele é mais visto falando em programas de TV ou em comerciais do que dentro de piscinas) e muitos acabam esquecendo do esporte.

Mas, se formos analisar mesmo, nosso problema está lá atrás, quando Nelson Rodrigues, no auge de seu talento já profetizava, na época ele citava jogadores de futebol pouco antes da equipe embarcar para a Copa do Mundo de 58, na Suécia, a dor da derrota em 1950, no Maracanã ainda assolava o povo, mas leia e veja se não vale para os nadadores, ginastas e etc do momento: “A pura, a santa verdade é a seguinte: - qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma: - temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de ‘complexo de vira-latas’. Por ‘complexo de vira-latas’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores. Eu vos digo: - o problema do escrete não é mais de  futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia”. Faz sentido para essas Olimpíadas, o que acha?