Vai acabar, mas, para nós,
brasileiros, nem parece que começou. Os Jogos Olímpicos de Londres, 2012,
entram para a história. Primeira vez que uma atleta é mais rápida do que um
homem nas piscinas, também foi o ano da vencedora mais jovem de todos os tempos,
ganhou o ouro na natação. Também marcaram o nome no livro sagrado dos jogos o
americano Michael Phelps e o jamaicano Usain Bolt. E nós, pobres mortais
brasileiros, ficamos assistindo.
Quando embarcamos para
Londres, na mala levávamos a esperança de ouro em algumas modalidades. Cielo
era o melhor, sua vitória era apontada em todos os textos ou comentários sobre
a disputa, mas na hora do vamos ver, “pipocou”. Assim com os meninos e meninas
da ginástica, nossos homens e mulheres do atletismo e, pasmem, até os rapazes
da vela, eles que sempre vencem, dessa vez apenas passearam em terras
londrinas. A pergunta que não quer calar é: De quem é a culpa para tamanho
fracasso?
Podemos enumerar pseudo
problemas. Falta de investimento? Mentira, em relação a países como Cazaquistão,
África do Sul, Bielorrússia, Etiópia e Quênia, o Brasil é um poço de dinheiro
investido em esporte, e mesmo assim tem menos medalhas do que eles. Ou seja,
vamos para outra alternativa. Falta talento? Nessa já cabe reflexão. Ta certo
que não temos o poderio de Estados Unidos e China, mas temos casos isolados de
atletas talentosos, e até eles fracassaram, não em 2012, mas sempre. A outra
alternativa é a falta de cultura esportiva de topo, pode ser, essa é mais plausível.
Nossos atletas se contentam com pouco, viram estrelas de um dia para o outro
(Cesar Cielo é um exemplo, desde a última Olimpíada ele é mais visto falando em
programas de TV ou em comerciais do que dentro de piscinas) e muitos acabam
esquecendo do esporte.
Mas, se formos analisar
mesmo, nosso problema está lá atrás, quando Nelson Rodrigues, no auge de seu
talento já profetizava, na época ele citava jogadores de futebol pouco antes da
equipe embarcar para a Copa do Mundo de 58, na Suécia, a dor da derrota em
1950, no Maracanã ainda assolava o povo, mas leia e veja se não vale para os
nadadores, ginastas e etc do momento: “A pura, a santa verdade é a seguinte: -
qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em
estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de
invenção. Em suma: - temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por
vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de ‘complexo
de vira-latas’. Por ‘complexo de vira-latas’ entendo eu a inferioridade em que
o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em
todos os setores. Eu vos digo: - o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente.
É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é
um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia”. Faz sentido
para essas Olimpíadas, o que acha?