sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Domingo, todos fomos iguais

  O carnaval é uma festa que leva o povo para rua. Todos animados, pulando e gritando. É símbolo do Brasil. Assim como final de campeonato, feriado prolongado e dia 31 de dezembro. Datas lindas, cheia de significados especiais e com milhares de motivos para sair com a vontade de fazer algo diferente, de mudar, de ser feliz. O primeiro domingo deste mês, dia 3, e  último, dia 31, devem entrar nessa lista.
  João, José, Maria e até aqueles nomes e sobrenomes mais “estrangeirados” se encontram na mesma fila. No momento, não existem plano de saúde, saldo bancário e muito menos título bancário, na fila de domingo, todos éramos e seremos iguais. Fascinante e mágico se pararmos para pensar.
  Sabe aquele empresário que a Cidade inteira fala? Aquele homem que anda com carro importado, mora em cobertura cinematográfica e a lenda diz que possui barco, helicóptero e casa na Babilônia; sim, ele mesmo, ele estava na mesma fila que você. Se não votou, justificou, mas pegou a mesma fila que nós. 
  Quem ganhará, se o palhaço se elegeu, sabe ler ou não, nessas horas pouco importa. O que vale mesmo é saber que pelo menos em um momento, todos os brasileiros são iguais. Sofrem com a rua suja, sujam pneus, sapatos, chinelos e pés descalços. Escorregam nos ‘santinhos’ mais diabólicos e mesmo assim os utilizam para gravar os números. É minha senhora, ele, o tal empresário, também faz isso.
  Na frente da urna, aquela dívida com o Zé da mercearia não te impede de abrir um crediário. Quando o mesário libera seu voto, é você e Deus. É segredo, não precisa se justificar.
   Sei que a escolha foi feita. Você, como a grande maioria do Brasil, agiu com o coração, fez o que achou certo. Assistiu o horário político, se esforçou para encontrar um candidato que realmente fosse bom, com projetos e ideias para sua cidade. Não se culpe se agora dizem que errou.
  No fundo, não importa se é bem no fundo, nós temos certeza que a senhora não votou por protesto, e se o fez, tá certa. Eles merecem sua raiva, indignação e alienação.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Será que eles sabem?

  Pense nisso antes de votar. Pense nisso antes de debater religião, quando na verdade temos que discutir problemas mais complicados. Traficantes de drogas no Rio e São Paulo lucram em torno de R$ 130 milhões por ano, é o que estima a Secretaria de Fazenda do Estado do Rio. Números estarrecedores que mostram uma situação sem controle. Ainda mais se pararmos para pensar nos outros dados. Sim, esse é apenas o lucro que o tráfico gera, faltam muitos milhões que são gastos com outras coisas.
Enquanto os dois pleiteantes ao cargo de presidente perdem tempo debatendo o aborto (problema grave, mas que não precisa ser a chave de campanha eleitoral), o Brasil segue infestado de bandidos que compram a alma de adultos, idosos e adolescentes por todo o País. Ricos, pobres e miseráveis, a droga não escolhe quem vicia.
  O mesmo órgão que estipulou os R$ 130 milhões de lucro com a venda de drogas, levantou um número ainda mais assustador. Segundo o relatório A Economia do Tráfico na Cidade do Rio de Janeiro, de dezembro de 2009, estima que as quadrilhas faturam entre R$ 316 milhões e R$ 633 milhões por ano no comércio de maconha, cocaína e crack, e isso é pouco, pois fazem grandes investimentos em armas.
Sim, R$ 633 milhões por ano. Vamos colocar na mesa que o traficante obtenha 50% de lucro na droga vendida. Para ter um lucro de R$ 130 milhões, ele gasta R$ 65 milhões, tirando isso, mais o lucro, do ganho bruto, o tráfico nos dois estados gastam, com pagamento de funcionários e armas, R$ 438 milhões por ano. Ou seja, circula no Brasil, na mão de vendedores de droga, informantes, políticos ligados ao crime, policiais corruptos e vendedores de arma, quase meio bilhão de reais.
  No Brasil inteiro, estima-se, mas sem nenhuma pesquisa tão bem feita quanta essa realizada no Rio de Janeiro, que a indústria do tráfico fatura por ano R$ 1,4 bilhão, além de US$ 320 bilhões no Mundo. Isso representa, no  mercado interno, o suficiente para comprar 13 bancos Mercantil do Brasil ou 13 refinarias de petróleo Manguinhos. Já a movimentação financeira do tráfico no mundo equivale a três vezes o faturamento de 2009 da Petrobras e bate a soma das receitas brutas da estatal do petróleo, do Itaú, do Banco do Brasil, do Bradesco e da Vale no mesmo período. 
  Será que os dois candidatos que estão brigando pelo poder sabem disso? Será que eles não deveriam levar esses números para o debate e diante disso polemizarem? Esse assunto não é mais importante do que ser a favor ou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo? 
  Para ser mais justo, um dos escolhidos pelos partidos para assumir a Presidência até tocou em algo ligado a isso. José Serra (PSDB), lembrou, durante debate na RedeTV, que o Brasil precisa intensificar o patrulhamento de suas fronteiras, para coibir a entrada de armas em território nacional. Ora bolas, será que ele não sabe que as armas são um fim, que o meio para comprá-las é vendendo drogas? 
  Nada contra quem prefere por o aborto como primeira necessidade nacional, mas o tráfico é um problema de segurança, saúde, educação e de vergonha na cara.